Artigo científico de Arménio Rego questiona a eficácia de líderes caraterizados pela “tríade sombria” e apresenta plano de ação educacional

Quarta-feira, Outubro 23, 2024 - 17:53

Arménio Rego, investigador do Centro de Estudos em Economia e Gestão (CEGE) e Professor Catedrático da Católica Porto Business School (CPBS), é um dos autores do artigo “Drawing on the Dark Triad to Teach Effective Leadership is Dangerous, Irresponsible, and Bad Theory”, publicado na revista científica Academy of Management Learning & Education. Além de Arménio Rego, coassinam o estudo Miguel Pina e Cunha (Universidade Nova de Lisboa), Stewart Clegg (University of Sydney and University of Stavanger) e Ace V. Simpson (Center for Compassion Studies). 

A investigação toma como base a assunção de que os líderes cuja personalidade é caraterizada pela tríade sombria (uma combinação de narcisismo, maquiavelismo e psicopatia) têm vindo a ganhar força e que, ao contrário do que alguns autores sugerem, se torna um erro considerar estas características como funcionais. Essas personalidades carecem de empatia e moralidade, e trabalham para os seus interesses egoístas. Os narcisistas necessitam de ser constantemente admirados e acreditam ser melhores do que os outros. Os maquiavélicos são habilidosos a enganar e naturalmente desconfiados, manipulando as pessoas a seu favor. Os psicopatas sentem prazer em causar sofrimento e intimidar os outros. 

A conduta dos líderes caracterizados por este trio de caraterísticas da personalidade, além de ser perversa para o capital social da organização e a saúde dos liderados, pode resultar no declínio e destruição das organizações, e ser mesmo prejudicial para a sociedade. Nesse sentido, o artigo examina as consequências da tríade sombria nos líderes e propõe um plano de ensino-aprendizagem que, além de preparar “as mentes dos estudantes”, assenta em três linhas de defesa. 

A primeira é sensibilizar os estudantes/formandos para os perigos associados à tríade sombria, equipando-os com as ferramentas necessárias para identificar e prevenir estes comportamentos. A segunda linha de defesa é promover a implementação de mecanismos de governança e culturas organizacionais que rejeitem e impeçam a atuação de líderes com traços de tríade sombria. Já a terceira e última defesa ensina a lidar de forma eficaz com líderes caracterizados por estas tendências quando as defesas anteriores falham e tais lideranças já se encontram a operar dentro das organizações. 

O estudo sublinha ainda a importância de combater os comportamentos tóxicos de gestão, tal como os bons educadores procuram eliminar práticas que prejudicam a sustentabilidade nas organizações. A Academy of Management Insights publicou um resumo deste trabalho, destacando formas de “Blocking Psychopaths, Narcissists, and Machiavellians from Leadership”, reforçando a necessidade de uma abordagem educacional que prepare os futuros líderes para um ambiente organizacional ético e responsável. Pode encontrá-lo aqui

Artigo_ Triada sombria_ Arménio Rego