A terceira conferência do INSURE.hub veio dar palco à Inovação, à Sustentabilidade e à Regeneração, enquanto componentes centrais para a responsabilidade social das Universidades. A Universidade Católica Portuguesa, como lembrou o vice-reitor Peter Hanenberg, tem como três pilares estratégicos o Ensino, a Investigação e Inovação, e o Serviço e Responsabilidade Social e, por esse motivo, este evento assume especial pertinência, enquanto fórum de encontro entre a academia, as empresas e as organizações.
“Não podemos ser expectadores do futuro, temos de ser atores do futuro”, afirmou Manuela Veloso, a keynote speaker da conferência. É head of J.P. Morgan AI Research & Herbert A e Simon University Professor Emeritus in the School of Computer Science at Carnegie Mellon University e teve a oportunidade de abordar a “interação simbiótica entre o Humano e a Inteligência Artificial”, destacando as “muitas oportunidades da Inteligência Artificial”.
Manuela Veloso afirmou que “o ser humano não tem capacidade de ver e descobrir tudo” e que a Inteligência Artificial “foi inventada por humanos e não caiu na terra como uma espécie de allien”. “Com a Inteligência Artificial é possível fazer muita coisa. A Inteligência Artificial vem dar resposta a muitos problemas críticos”, referiu.
Peter Hanenberg, vice-reitor da UCP, durante a sessão de abertura da conferência, afirmou a missão da investigação da Universidade, tendo destacado algumas das iniciativas da UCP que incorporam os princípios do INSURE.hub. “A investigação na UCP tem como foco o desenvolvimento e a melhoria das condições de vida das pessoas”, afirmou o vice-reitor, referindo, também, que “precisamos de sustentabilidade e regeneração para enfrentar os desafios. Nada é possível sem co-criação e parceiros.” “Precisamos de assumir o papel de empreendedores de sonhos”, acrescenta.
“Mais do que nunca os temas da sustentabilidade e da regeneração são fundamentais para todas as organizações”, afirmou Isabel Braga da Cruz, pró-reitora da UCP, durante a sua intervenção no segundo dia da conferência. Destacou, também, a importância de reunir empresas e entidades em torno dos temas da sustentabilidade e a missão assumida pelo INSURE.hub, “um ecossistema internacional vibrante de conhecimento multidisciplinar e transdisciplinar”.
As oportunidades e os desafios da Inteligência Artificial
Alexandre Palma, docente da Faculdade de Teologia, participou no painel da keynote speaker, tendo sido desafiado a comentar a intervenção e a lançar algumas questões que ajudam a colocar a Inteligência Artificial em perspetiva.
Alexandre Palma desafiou a plateia a pensar de que forma é que a Teologia se pode relacionar com os temas da Sustentabilidade, Tecnologia e Inteligência Artificial. O docente destacou a abordagem positiva e prática que Manuela Veloso trouxe ao tema da Inteligência Artificial. “Enquanto teólogo, sou fascinado por esta black box, que é focada em outputs e inputs: mas o que é que está entre os dois?”, questionou. Alexandre Palma sublinhou, também, a aceleração digital e a velocidade da transição: “Não tenho a certeza se a velocidade deste processo nos está a dar a possibilidade de nos envolvermos e se nos está a dar o tempo necessário para acompanharmos a subida da escada sem falharmos alguns passos.”
Manuela Veloso afirmou que tem uma visão muito positiva relativamente à Inteligência Artificial e às suas oportunidades, porque “acredito na bondade da humanidade.” “Convido-vos a olharem à vossa volta e a apreciarem tudo o que faz uso desta tecnologia. Estamos rodeados de Inteligência Artificial”, disse também. “O desafio é que não estamos a aplicar estas possibilidades nas nossas empresas, indústrias e nos nossos trabalhos”, disse também.
INSURE.hub reúne a academia, as empresas e as organizações
A conferência, que decorreu a 16 e 17 de novembro no campus da UCP-Porto, reuniu mais de 200 pessoas em cada dia, tendo estado presentes muitos investigadores a apresentar os seus papers e estudos e, também, vários representantes de empresas e organizações que vieram partilhar o seu caminho para a sustentabilidade com práticas e projetos inspiradores.
“Innovation and Sustainability: how can universities and organizations converge and collaborate?” foi o nome de uma das mesas redondas que colocou o tema da sustentabilidade e inovação em diferentes perspetivas: a das universidades, a das empresas e a do poder local.
Jenny Lao Phillips, dean da Faculty of Business and Law da University of Saint Joseph em Macau, afirmou que as universidades “podem gerar talento para a Indústria, mas a Indústria tem de partilhar as suas experiências. A colaboração é essencial.” “É urgente trabalharmos mais em conjunto”, acrescentou.
Filipe Araújo, vice-presidente da Câmara Municipal do Porto (CMP), referiu que “as cidades têm um papel crucial” rumo a um mundo mais sustentável. O vice-presidente da CMP destacou a importância da colaboração com as universidades, afirmando que “todas as estratégias definidas pelo município nos seus vários temas estão a ser desenvolvidas em conjunto com as universidades.”
Luís Silva, partner da KPMG, também integrou este painel que foi moderado por Paula Castro, diretora da Escola Superior de Biotecnologia. Luís Silva afirmou que “não existe um rio que separa as empresas das universidades” e que “a colaboração é essencial”. O orador explicou também que as empresas precisam das Universidades “muito para além das necessidades de formação”, dando o exemplo de que as empresas “têm uma enorme necessidade de professores e de conhecimento nos seus projetos.”
O INSUREhub é um exemplo desta colaboração e co-criação entre diferentes quadrantes da sociedade. Procura estar na vanguarda da promoção da inovação, da sustentabilidade e da regeneração e resulta da mobilização da Universidade Católica no Porto, através das suas Faculdades - Católica Porto Business School e Escola Superior de Biotecnologia - e da Planetiers New Generation.
“Existimos para permitir uma profunda transformação e evolução.”
João Pinto, membro da comissão executiva da Católica no Porto e docente da Católica Porto Business School, Manuela Pintado, diretora do Centro de Biotecnologia e Química Fina e docente da Escola Superior de Biotecnologia e António Vasconcelos, da Planetiers New Generation, são os co-líderes do INSURE.hub. Juntos em palco no arranque do segundo dia da conferência, tiveram a oportunidade de apresentar a iniciativa, dando a conhecer a sua missão, o envolvimento dos mais de 70 parceiros, os projetos promovidos e, também, os principais desafios a que querem dar resposta. Segundo os co-líderes, “existimos para permitir uma profunda transformação e evolução.”
Depois da apresentação INSURE.hub pelos seus co-líderes, seguiu-se um momento de apresentações de várias empresas e organizações. Vasco Granadeiro, da Bondalti, Jorge Leal, da Ingenio Magdalena, e Diogo Figueira, da Mendes Gonçalves, participaram no primeiro painel da sessão dedicada aos Industry Cases, moderado por Manuela Pintado. O segundo painel, moderado por Luís Rochartre, senior advisor Planetiers New Generation e industry fellow Católica Porto Business School, contou com a participação de Pedro Baganha, da Domus Social, Alexandra Magalhães, da Sarcol, e Vítor Hugo Gonçalves, da Águas de Monchique.
O Green Deal e o modelo económico da UE
Jorge Portugal, da COTEC Portugal, que sublinhou o papel da União Europeia e a importância de uma “verdadeira ambição de transformação”, foi o moderador da sessão especial dedicada ao Green Deal, que contou com a participação de Annette Bongardt, (FCH e Católica Lisbon, UCP e CICP da Universidade de Évora) e de Francisco Torres (FCH and Católica Lisbon, UCP).
Annette Bongardt e Francisco Torres apresentaram algumas das questões que têm estudado em conjunto, numa apresentação intitulada “O Green Deal e o modelo económico da EU”. Relembraram a essência do Green Deal e desafio da neutralidade carbónica na União Europeia até 2050. O que é que motiva a mudança e a necessidade de transformação? Os oradores referem que é a “visão científica dos danos e dos desafios ambientais multifactorais (entre outros, as alterações climáticas, a perda da biodiversidade, a destruição da camada do ozono, a poluição da água e o stress urbano)”. “Temos de mudar o paradigma” e “a sustentabilidade tem de ser transformar em ações concretas”, reforçam os oradores. Annette Bongardt e Francisco Torres afirmam, também, que temos de “transformar ameaças em oportunidades” e que “a União Europeia sozinha não consegue salvar o planeta”. “A convergência inicial das preferências tornou possível o Green Deal, mas a sua aplicação está a constituir um grande desafio”, acrescentam.
Ciências Naturais e Ciências Sociais: rumo a um mundo mais sustentável
Durante o primeiro dia da conferência, foram apresentados papers nas sessões dedicadas às Ciências Naturais e às Ciências Sociais.
Durante a manhã, as sessões foram moderadas respetivamente por Célia Manaia, docente e investigadora da Escola Superior de Biotecnologia, e por António Vasconcelos, co-líder da Planetiers New Generations. Os papers apresentados foram: “Food Safety in Sustainable Local Production of Fruits and Vegetables in Braga and Porto districts”, apresentado por Ariana Macieira, “Transforming Food Production and Waste Management: A Regenerative Approach for Community Empowerment and Environmental Sustainability”, por Derrick Oti, “Unlocking the potential of orange juice side streams: a cascade extraction approach to develop food bio-based ingredients", por Ana Vilas-Boas, “Green and Reliability Method to Extract Phenylethyl Isothiocyanate in a circular economy approach”, por Ana Sofia Sousa, “Promoting business transformation in supply chain demand forecasting through supervised learning”, por João Nuno Gonçalves, “The pricing of sustainable syndicated loan”, por Paulo Alves, “ARTE4US Sustainability at the local level – awareness and literacy with an artistic approach”, por Teresa Sarmento e Catarina Selada, “The Corporate Social Responsibility with Female Leadership”, por Clotilde Passos, “SOLL for an education aligned with the Sustainable Development Goals”, por Andreia Magalhães, e “From Risk to Opportunity: Financial Instruments for Tackling Climate Change”, apresentado por Marcel Piterman.
Durante a tarde, a sessão dedicada às Ciências Naturais foi moderada por João Cortez, diretor do gabinete de Investigação e Inovação da UCP, e a focada nas Ciências Sociais por João Pinto: “Communication in Pharmaceutical Industry in Hybrid Work Environments: Info Wants and Info Seeking Actions of Portuguese Neurologist”, por Amílcar Barreto, “High-fibre breakfast cereals products by valorisation of food industry by-products”, por Diva Santos, “BioShoes4All, Towards Sustainable Footwear: Integrating Agro-Food Byproducts for Eco-Friendly Shoe Components”, por Sara Silva, “Rhodococcus sp. ED55 – a bacterial strain with potential for application in wastewater treatment for effective removal of endocrine disruptors”, por Irina Moreira, “Mycopigments for a sustainable textile industry”, por Ana Paulo, “Sustainable crop cultivation: integrated use of extracellular polymeric substances, biochar, and bioinoculants to enhance maize growth”, por Sofia Almeida Pereira, “Not All Eggs in One Basket: The Need for New Product Portfolio Management”, por Eelko Huizingh, “Science for the Common Good: the contribution of Integral Ecology for Curriculum Innovation”, por Cristina Sá Carvalho, “Narratives on sustainability in education: a close look at the Portuguese Educational Policies”, por Ana Paula Saltos, “RegChain: is Regulatory Technology innovating with Blockchain?”, por Rachel Anastacio, “Promoting Integral Human Development to innovation and business transformation: And what if a territory changes for the better?”, por Maria Alexandra Araújo, e “ESG Framework and Financial Performance”, por Rúben Tiago Pimentel.
“BioShoes4All, Towards Sustainable Footwear: Integrating Agro-Food Byproducts for Eco-Friendly Shoe Components” foi o paper premiado com o KPMG Best Paper Presentation Award e o “The pricing of sustainable syndicated loan” foi premiado com o MDS Best Paper Presentation Award.
Foram dois dias intensos e repletos de muitas oportunidades de partilha de conhecimento e de networking. Uma conferência que é prova viva do compromisso que a UCP assume para com os tópicos da Inovação, Sustentabilidade e Regeneração. Isabel Braga da Cruz, durante a sua intervenção, não deixou de felicitar o INSURE pela “energia, compromisso e entusiasmo”. E assim se faz caminho rumo a um mundo mais sustentável. E, também, já há quarta conferência do INSURE.hub à vista: outubro de 2024. Todos estão convidados.